Nada do que foi será.
De novo do jeito que já foi um dia.
Retomo minhas experiências no curso Práticas
Educacionais Inclusivas, turma 7,
parafraseando a música Como uma
onda, de Lulu Santos. Essa música traduz exatamente meu percurso e remete
meus sentimentos durante as minhas leituras que provocaram as mesmas indagações
em todos os módulos e capítulos: ”Nunca
pensei nisso antes... E por quê? ”
Tudo passa. Tudo
sempre passará.
Esses porquês fizeram-me
retomar ao passado a fim de refletir a qualidade da minha formação inicial, a
começar no módulo 1, capítulo 1: “Não me
recordo da cronologia histórica da Educação Especial. Será que tive esta aula? “
A vida vem em ondas como um mar.
Num indo e vindo
infinito.
Em relação às formações
continuadas, este curso Práticas Educacionais Inclusivas, foi o primeiro que
cursei da área da Educação Especial. Informo que a falta de oportunidade nunca foi
e nem é o motivo, ao contrário, sempre nas ofertas da Secretaria Municipal da Educação
eu dava prioridades a outros tipos de cursos por de repente acreditar e minimizar
a Inclusão apenas ao fato de aceitar o aluno e dar atividades adaptadas. Hoje
sei que não é exclusivamente isso. Incluir não é
somente aceitar a presença de alunos com e sem laudo, mas precisamente acreditar
que o que temos em comum é que somos diferentes, que não aprendemos ao mesmo
tempo e que não temos as mesmas habilidades.
São essas diferenças que nos une e nos
complementa. Nossa tutora, ao conduzir com excelência a turma 7, exercitou a
teoria estudada, evidenciando ao grupo por meio de bate-papo, correio e fórum o
respeito a cada integrante na sua individualidade, nos fazendo capazes de manipular com
segurança o ambiente TelEduc e principalmente executar as tarefas propostas. Creio
que se ela não tivesse tido essa postura contextualizada a teoria, hoje eu não estaria fazendo este relato.
Aproveito o espaço e registro aqui para as
professoras Vera, Sandra e em especial Kátia, meus agradecimentos pela oportunidade,
aprendizado, paciência e disposição em compartilhar seus conhecimentos e experiências.
Também registro minhas desculpas pela falta de pontualidade em algumas situações
e perdão pelos meus equívocos.
Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu há um segundo.
Tudo muda o
tempo todo no mundo.
Amparada na teoria da Psicologia
Histórico-Cultural, as leituras e as interações me fizeram estar numa zona de
desenvolvimento proximal. As citações do
módulo 3, especificamente no texto Projeto Político Pedagógico na Perspectiva
da Educação Inclusiva evidenciam tal sensação: “A inclusão escolar só se efetivará com qualidade, se medidas
administrativas e pedagógicas forem tomadas pela equipe gestora do sistema e da
escola. ” ,“Os diretores escolares são peças-chaves no contexto sociopolítico para
garantir a implementação de uma escola inclusiva.” e “ (...)
que o diretor seja um membro de apoio com a qual professores, funcionários,
alunos e comunidade possam efetivamente contar.”. Tais afirmações me
fizeram (re)pensar numa ótica que causou-me certo estranhamento; talvez por atribuir
de forma camuflada que eu mesmo não fazia a inclusão do diretor nesse processo
de inclusão escolar, transferindo diretamente de forma única e exclusiva a
responsabilidade da prática da inclusão para nós professores, o que é um equívoco.
Os Estilos de Aprendizagem, a Tecnologia
Assistiva, a Flexibilização Curricular e o Ensino Colaborativo foram conceitos
novos, desconhecidos, mas que fragmentos da sua essência já se faziam presente
na minha prática, por sempre buscar conforto e orientação de ações pedagógicas
nas colegas especialistas da Sala de Recurso. Uma espécie de fazer, mas sem
saber o que fazia.
Não adianta fugir, nem mentir pra si mesmo agora. Há tanta vida lá fora. Aqui dentro sempre.
Lendo
e refletindo os conceitos abordados no texto “Fundamentos para uma educação na diversidade” endosso que a
retomada de certos conceitos deve ser frequente no cotidiano escolar,
metaforicamente como uma onda...
Como uma onda no mar.
É
aquela questão de que o óbvio tem que ser dito sempre, e principalmente quando nós
professores, de forma imperceptível, demarcamos as possibilidades de
desenvolvimento com o uso de atividades que sinalizam mais as impossibilidades dos
que as possibilidades dos alunos.
Quando
o texto oferece como exemplo as exposições estereotipadas de culturas
diferentes, o autor evidencia com clareza a realidade das escolas. É intrigante
falar sobre a diversidade cultural uma vez que somos genuinamente oriundos de
uma cultura multirracional! O que temos em comum é o fato de sermos diferentes
e essas diferenças envolvem vários aspectos: social, intelectual, físico,
afetivo e também profissional.
Como uma onda no
mar.
A
Ética tratada em um dos módulos fortaleceu uma opinião particular de que ela não
é algo que pode ser ensinado, nem aprendido. Ela apenas é mostrada no
comportamento humano, na interação e principalmente na compreensão, sendo papel
da escola confiar na capacidade que qualquer ser humano aprende, sem limites.
Como uma onda no
mar.
O documentário Pipas no Ar me encantou! O
tratamento com o tema Sexualidade escancarou a necessidade da Orientação Sexual
na escola deixar de ser "apaga fogo", a fim de elaborarmos de fato um
compromisso com um projeto envolvendo o tema, o que eu nunca havia feito até
então.
Ao
refletir sobre a Alfabetização e a Criatividade no módulo 5, impulsionou a
pensar sobre a minha prática diária. Cagliari é eficaz ao afirmar que o melhor
método de trabalho deve vir da experiência baseada em conhecimentos sólidos e
profundos. Quantas vezes me perguntei: será
que tais intervenções são adequadas para que este aluno avance? Para
responder busquei e ainda busco nas Literaturas, nas trocas de experiências e
nas Tecnologias possibilidades e de repente... insight! Ainda não exercitei o
desafio da concentração de dez minutos diários para revigorar o corpo e a mente
- uma espécie de matéria prima para a Criatividade. Resta-me experimentar a
dica para extrair mais insights. Tentarei, pois lecionar num mundo cercado de
Tecnologias e Informação usar e abusar da Criatividade no ofício de professor é
um dos pré-requisitos fundamentais, desde o plano de aula mental ao executável.
Enfim,
foram semanas de muitas leituras, reflexão, trabalho, trocas de experiências e emails
e “terapias pedagógicas” via bate-papo.
Reconheço,
respeito e agradeço profundamente nosso grupo pelo crescimento profissional que
tive(mos). Desta oportunidade, como dizia Paulo Freire, transformei meu espaço
pedagógico em um texto, para ser constantemente lido, interpretado, escrito e
reescrito. Eis aqui parte desta (re) leitura.
E para não perder o “fio da meada”, ops, da
música testifico,
Nada do que foi será.
De novo do jeito que já foi um dia.
Com
carinho,
Luciana Apolonio Rodrigues Carneiro
Turma 7 / Bauru - SP